
Expectativa é que, sem a confirmação de novos focos nos próximos dias, importadores flexibilizem restrição às compras Após concluir a desinfecção da granja de matrizes em Montenegro e a vistoria em 540 propriedades rurais no raio de 10 quilômetros do foco de gripe aviária em seis dias, a equipe técnica do governo do Rio Grande do Sul está confiante que a agilidade e a qualidade do processo de contenção do vírus seja convertida em flexibilizações nas restrições comerciais à carne de frango do Brasil.
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A expectativa é que, sem a confirmação de novos focos nos próximos dias, outros importadores adotem postura semelhante aos Emirados Árabes Unidos e Japão, que concentraram os embargos às exportações apenas do município de Montenegro.
“Estamos confiantes no trabalho que foi feito e que há de se ter reconhecimento do mercado internacional para a agilidade e a qualidade desse trabalho. Isso mostra a nossa capacidade de contenção de espalhamento do vírus”, disse Márcio Madalena, secretário-adjunto de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Estado.
“Temos um sistema robusto, de mapeamento das propriedades, que nos permite dar uma resposta rápida. Com a conclusão da desinfecção ontem, temos dois dias úteis que nos darão condição de informar os países e discutir a flexibilização das restrições”, indicou.
A Seapi utiliza a Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA) para dar mais agilidade e assertividade ao trabalho. A ferramenta digital reduz o tempo de gestão dos dados captados nas propriedades e a orientação para as próximas atividades.
Segundo ele, “não dá para descartar” um possível afrouxamento no embargo da União Europeia à carne de frango brasileira. “A gripe aviária está no mundo todo, esses países também estão olhando onde está o fornecimento deles”, destacou. Madalena pontuou que, passados os 28 dias de “vazio sanitário” sem novos casos da doença, o Brasil vai solicitar a retomada do status de livre de gripe aviária, e que isso incluirá o Rio Grande do Sul. Ou seja, que não haverá motivos para restrições a todo o Estado.
No próximo sábado, os servidores estaduais vão iniciar a segunda vistoria nas propriedades da região. A expectativa é concluir essa etapa até terça-feira (27/5).
“Mesmo depois de terminar a segunda vistoria nos 10 quilômetros, não vamos desmobilizar. Vamos manter equipes no local. Hoje é o dia 1. Por 28 dias estaremos lá para dar a resposta internacional esperada”, acrescentou. “Estamos provando que temos capacidade de contenção de espalhamento viral”, completou.
“Esse período é essencial para que possamos, de forma técnica e transparente, comprovar a contenção do vírus. Ao final desse prazo, se não houver novas ocorrências, o Brasil poderá se autodeclarar livre da doença naquela região”, afirmou Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.
“Isso não apenas fortalece a credibilidade do nosso sistema sanitário, como também representa um passo fundamental para a reabertura de mercados e a normalização das exportações. É um procedimento previsto em protocolos internacionais, e estamos conduzindo esse processo com o máximo rigor e responsabilidade”, completou.
“Conseguiremos comprovar a contenção do foco e negociar com nossos parceiros comerciais protocolos que evitem o bloqueio total das exportações”, declarou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em nota.
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Desinfecção
O processo de desinfecção da granja não foi simples. Como se trata de uma empresa de genética, que produz ovos férteis para incubatórios, a dimensão dos equipamentos aumentou a complexidade do trabalho. Uma vala foi aberta e revestida com lona para criar uma piscina onde alguns itens foram colocados de molho e lavados, explicou o secretário-adjunto do Rio Grande do Sul, Márcio Madalena.
“É uma indústria. São esteiras, linhas automatizadas, equipamentos que precisam ser desmontados e lavados”, disse.
Sobre o surgimento de novas investigações de casos suspeitos no Estado, Madalena disse que a “régua está muito alta” e o número de amostragens aumentou diante de maior cautela e preocupação dos produtores.
“O importante é que não está positivando nada que estamos mandando. O sistema está muito sensível e aumenta o número de coletas, mas nenhum caso é de ave com sintomas muito característicos da gripe aviária”, afirmou.
Quatro suspeitas, em Montenegro, Triunfo, Estância Velha e Derrubadas, foram descartadas. Atualmente, um caso em uma ave de vida livre em Gaurama é investigado. Coletas foram feitas em Capela de Santana e encaminhadas para exame recentemente.
Na quinta-feira (22), foi finalizada também a destruição dos 20 milhões de ovos férteis produzidos na granja de Montenegro. Além dos itens que estavam no local, foram descartadas unidades enviadas para Soledade (RS), Formiga (MG) e para o Paraná.
“A eliminação dos ovos é importante, mas mais tranquila, pois o agente está dentro da casca. Como a transmissão é por via respiratória, descartando a bandeja, já resolve”, completou Madalena.