
Doença pode causar morte e não tem cura, mas contaminação é rara A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, anunciada na última sexta-feira (16/5) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), não preocupa apenas o setor produtivo. Autoridades de saúde pública também estão em alerta diante da possibilidade de transmissão do vírus Influenza H5N1 para humanos. Embora o risco de infecção em pessoas ainda seja considerado baixo, ele existe — e pode resultar desde sintomas leves até complicações graves, incluindo a morte.
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A gripe aviária é causada por um subtipo do vírus influenza, o mesmo responsável pela gripe comum em humanos. Porém, o H5N1, identificado em aves, apresenta características diferentes dos vírus mais frequentes em humanos, como o H1N1, H3N2 e H2N3. A diferença está, principalmente, no tipo de receptor que o vírus utiliza para se instalar no organismo. Saiba mais sobre os riscos da doença para humanos.
Qual o perigo da gripe aviária para os humanos?
Humanos podem contrair gripe aviária, mas o risco é considerado baixo. A maioria dos casos ocorre entre pessoas que têm contato direto e frequente com aves infectadas ou com ambientes contaminados.
A gripe aviária raramente causa infecções em humanos, explica a médica infectologista Gisele Borba. Caso alguém seja contaminado, as infecções variam em gravidade, desde casos com poucos sintomas até quadros respiratórios muito graves que podem resultar em óbito.
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De acordo com Gisele, as infecções em humanos podem variar bastante, desde quadros leves, com poucos sintomas, até formas graves que comprometem o sistema respiratório e podem levar à morte.
A doença costuma durar entre uma e duas semanas em humanos, e o tratamento geralmente envolve o uso de antivirais, como o oseltamivir, além de cuidados de suporte, conforme necessário.
“Há risco de letalidade, principalmente em idosos, por conta da fragilidade da imunidade, e em crianças muito pequenas, especialmente abaixo dos dois anos e que têm o sistema imune mais frágil e podem ter a síndrome respiratória aguda grave, assim como os idosos”, explica Fernando Chagas, médico infectologista do Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB), em Campina Grande (PB).
Os sintomas são semelhantes aos da gripe comum, incluindo febre alta, dor de cabeça, dor de garganta e coriza. Em casos mais graves, pode haver evolução para insuficiência respiratória e óbito.
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“E existe o risco da pessoa, como na gripe comum, de desenvolver a forma grave. Claro que o risco acaba sendo maior na gripe aviária por não termos vacina para ela”, adiciona o médico.
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Gripe aviária em humanos tem cura?
Sim. A doença pode se manifestar de maneira muito leve e sem o agravamento dos sintomas, apesar do risco de letalidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, os últimos casos descritos foram pouco sintomáticos, com a maioria das pessoas contaminadas apresentando apenas conjuntivite.
“Também podem surgir febre baixa, tosse, coriza, obstrução nasal, dor de garganta, dor no corpo, dor de cabeça. Em casos graves, os sintomas podem progredir com falta de ar, dificuldade para respirar e rebaixamento do nível de consciência”, explica a médica Gisele Borba.
No momento, os casos conhecidos pelo mundo têm se restringido às pessoas que tiveram contato com animais doentes. Assim, o risco para as pessoas em geral é considerado baixo pelo Centers for Disease Control (CDC), órgão que monitora as doenças transmissíveis nos Estados Unidos e serve como base para o que se faz no mundo inteiro.
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“Não temos uma vacina e não temos certeza se o medicamento que temos contra a gripe comum também teria algum benefício contra a gripe aviária, porque o medicamento, o oseltamivir, bloqueia esses receptores, mas não tem uma especificidade para um determinado tipo de receptor”, afirma Fernando Chagas.
Segundo ele, há uma probabilidade de o medicamento ter ação contra o vírus da influenza aviária, mas os estudos são recentes e frágeis para falarmos algo a respeito. “O que importa é que, tendo os sintomas, e tendo a medicação, vale a pena fazê-lo”, orienta.
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O cozimento e/ou a pasteurização de produtos de origem animal mata o vírus da gripe aviária, impedindo a contaminação e o adoecimento de quem consome esses alimentos. O risco existe no consumo de produtos crus ou não pasteurizados, como o leite in natura nos casos de gripe aviária em bovinos.
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Há risco de uma pandemia entre os humanos?
O risco de contaminação nas pessoas é baixo neste momento. Para que ocorra uma pandemia, o vírus teria que sofrer mutações para ter uma transmissão mais eficiente de um ser humano para outro.
“Por enquanto, é um problema para a pecuária, porque os rebanhos e as criações estão sendo destruídos. Nós estamos em um período em que as infecções entre os seres humanos estão acontecendo pelo vírus da Influenza, mas a normal, a influenza H1N1, que está causando quadros bem severos no Brasil inteiro. Esse vírus realmente passa de uma pessoa para outra. As pessoas precisam se vacinar, porque os hospitais estão lotando”, diz a médica Gisele Borba.