Raio de 10 quilômetros no entorno da granja de Montenegro (RS) em que foco ocorreu concentra 540 propriedades rurais, que estão passando por vistoria Os fiscais agropecuários estão instalando seis barreiras sanitárias e uma de contenção em um raio de 10 quilômetros no entorno da propriedade onde ocorreu a identificação da gripe aviária, em Montenegro (RS). “Nesses locais, se faz a desinfecção de veículos que circulam na área do foco, especialmente os transportam animais, ração, leite e outros produtos”, explica Rosane Collares, diretora de vigilância e defesa sanitária animal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul.
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Nas duas barreiras instaladas em um raio de três quilômetros de distância da propriedade, só podem passar moradores locais e veículos oficiais dos órgãos de vigilância sanitária. Dentro do raio de 10 quilômetros, há 540 propriedades rurais, que estão passando por vistoria. Em uma delas, um pato de criação de subsistência foi recolhido no fim de semana para análise de possível infecção.
“Trabalhamos com tolerância zero. Se houver qualquer animal com sinais clínicos compatíveis com a doença, nós o coletamos”, comenta a diretora.
Embora ainda não tenha como dimensionar o impacto da crise sobre a economia de Montenegro, o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Vladimir Gonzaga, acredita que os efeitos serão relevantes. A avicultura é uma atividade importante no município, que tem 64 mil habitantes.
“Temos 28 propriedades que produzem frangos e ovos. Apenas no ano passado, elas movimentaram mais de R$ 60 milhões com a emissão de notas fiscais”, afirmou.
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A criação de aves também tem uma importância histórica para Montenegro. A cidade foi o berço da Frangosul, que nasceu em 1934 e foi a primeira grande empresa de avicultura do Estado. Hoje, o frigorífico pertence à JBS, que é a segunda empresa que mais gera retorno de ICMS para o município, de acordo com o secretário, ficando atrás apenas da fábrica de tratores da John Deere. A planta da JBS está fora da zona de restrição de 10 quilômetros a partir da propriedade atingida.
Genética avícola
A granja em que ocorreu a identificação da doença pertence à Agrogen, empresa de genética avícola ligada à Vibra. A Agrogen nasceu 1990 por iniciativa das famílias Müller e Wallauer, fundadoras da Frangosul e também da Vibra, da qual seguem como controladoras, com participação de 60%. A americana Tyson Foods tem uma fatia de 40% da Vibra desde 2019.
O Valor procurou a Vibra, que disse na sexta-feira que não concederia entrevista. A empresa informou que a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) centralizaria as manifestações sobre o caso de gripe aviária.