
Do cultivo indígena nos Andes às pesquisas genômicas atuais, entenda como o tubérculo evoluiu ao longo de 7 mil anos Presente no purê, na batata frita e no escondidinho, a história da batata começa bem antes da cozinha: há cerca de 7 mil anos, nas montanhas dos Andes, onde povos indígenas começaram a cultivar variedades selvagens do tubérculo.
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Um estudo desenvolvido pela Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, publicado na revista Nature em 2022, analisou o genoma de 67 tipos de batatas e revelou essa fase inicial de domesticação, ocorrida na região que hoje corresponde ao sul do Peru. As primeiras variedades foram cruzadas com espécies nativas de altitudes mais baixas, como Solanum juzepczukii e Solanum curtilobum, ampliando a diversidade genética do alimento.
Como a batata se tornou o alimento que conhecemos hoje
Segundo o mesmo estudo publicado na Nature, a batata moderna é resultado de um processo de domesticação complexo e longo. A variedade atual mais comum é uma batata tetraploide, ou seja, possui quatro conjuntos de cromossomos — o que permite maior resistência a doenças, variações climáticas e melhor desempenho agrícola.
No total, os pesquisadores identificaram mais de 561 mil variantes estruturais no genoma da batata, muitas delas relacionadas à tolerância a estresses ambientais e ao valor nutricional do alimento.
Esses resultados foram complementados por um outro artigo publicado na revista Science no mesmo ano, que aponta que, durante muito tempo, os cientistas acreditaram em uma origem única para a batata domesticada. No entanto, análises genômicas mais recentes mostram que sua evolução envolveu múltiplos eventos de cruzamento entre variedades de diferentes regiões andinas, aponta a pesquisa.
David Spooner, horticultor do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e coautor da pesquisa, comentou à Science: “Durante muito tempo acreditamos em uma única origem, mas agora sabemos que a batata cultivada atual é o produto de múltiplos cruzamentos entre variedades de regiões distintas dos Andes.”
Essa complexidade genética ajuda a explicar a imensa variedade de batatas cultivadas — com diferentes formas, tamanhos, cores e sabores — especialmente nas comunidades andinas, onde dezenas de cultivares tradicionais ainda são preservadas.
A batata chegou à Europa no século XVI, levada por colonizadores espanhóis. Inicialmente vista com desconfiança, era usada como planta ornamental ou alimento para animais. Foi apenas no século XVIII que passou a integrar a alimentação humana em larga escala, tornando-se base alimentar em países como Irlanda, Alemanha e Polônia.
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A batata no Brasil
No Brasil, a espécie mais comum é a batata inglesa (Solanum tuberosum), cultivada principalmente em regiões de clima mais ameno. A produção nacional gira em torno de 3,9 milhões de toneladas por ano, segundo levantamento da Embrapa.
A área plantada é de aproximadamente 117 mil hectares, e os principais estados produtores são:
Minas Gerais – 1,28 milhão de toneladas
Paraná – 778 mil toneladas
São Paulo – 688 mil toneladas