
Volta das chuvas favorece oferta de alimento e auxilia na reprodução dos animais A região Norte do Brasil passou por dois anos consecutivos de secas severas, em 2023 e 2024, que prejudicaram o transporte pelos rios e a agropecuária local. Em 2025, o retorno das chuvas anima os criadores de búfalos, que esperam melhora nas condições de produção.
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Dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) mostram que o rebanho bubalino paraense, o maior do país, alcançou 782 mil cabeças em 2024, um crescimento de 15,5% em relação ao ano anterior. Mas esse número poderia ter sido ainda maior, não fossem as adversidades climáticas.
Regiões do Pará, como o grupo de municípios que formam o Baixo Amazonas, registraram no ano passado os menores volumes de água dos rios desde as décadas de 1960 e 1970, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas).
“Nós tivemos dois anos com a condição climática prejudicando. Isso pode ter limitado o avanço na produção”, afirma João Rocha, produtor rural e presidente da Associação Paraense de Criadores de Búfalos (APCB).
“Agora, nossa expectativa é que em 2025 voltaremos a uma condição melhor. Já estamos com bastante chuva, isso gera alimento, ajuda na produção, na reprodução e aumenta a quantidade de animais”, acrescenta.
De acordo com o dirigente, no ano passado, foram feitos muitos abates de fêmeas de bubalinos no Brasil, um fator que pode frear o ritmo de crescimento do setor em relação à média.
Por outro lado, além do clima, a rentabilidade joga a favor do setor. Rocha afirma que o preço do búfalo, em geral, acompanha o desempenho da arroba bovina e a cotação do gado está em plena ascensão, puxada por demanda firme e oferta que tende a recuar nos próximos meses.
“O mercado já sinaliza para novos aumentos no búfalo, e o valor da carne também se estabilizou em um patamar mais alto que o de 2024. O preço do gado está aumentando e isso se reflete na Ilha de Marajó”, diz o presidente. Segundo ele, a carne tem sido comercializada entre R$ 7,20 e R$ 7,50 por quilo na região, alta de 20% a 25% no comparativo anual.
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Das mais de 700 mil cabeças de búfalos do Pará, Rocha acredita que cerca de 600 mil estão na Ilha de Marajó e em torno de 20% dos bubalinos criados na ilha vão para abate. O restante dos animais é destinado para diversas finalidades, que vão de operações policiais a criações domésticas, como búfalos de estimação.
Mercado
A Ilha de Marajó foi o local escolhido, inclusive, para a maior parte da criação de Rocha, que tem pouco mais de mil cabeças de búfalos no município de Cachoeira do Arari. Ele ainda produz outros 200 búfalos em Abaetetuba (PA). Nas propriedades há cria, engorda focada na produção de carne e leite.
“A procura pela carne bubalina é muito grande na região, tanto na Ilha do Marajó quanto no Baixo Amazonas. Já na capital, Belém, muitas vezes alguns comerciantes vendem como carne bovina, não levando em consideração a qualidade superior”, afirma.
Carne
A carne de búfalo tem 11% mais proteína, 40% menos colesterol, 55% menos calorias, 10% mais minerais e duas vezes mais ferro que a bovina, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB). O produto é considerado uma proteína vermelha com menos gordura.
O relato de que há venda misturada da carne dos dois animais não se restringe ao Pará. A vice-presidente da ABCB, Desireé Möller, diz que esse é um problema nacional para a cadeia, o que até dificulta mensurar dados sobre os níveis de produção e comercialização da carne bubalina.
Os dados mais recentes sobre o tamanho do rebanho no país são de 2023. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 1,67 milhão de cabeças de bubalinos naquele ano no território brasileiro, avanço de 5% em relação a 2022.





